As baratas estão evoluindo para evitar inseticidas antes de dominarem o mundo
Insetos adaptam-se para driblar armadilhas e agora consideram repugnante o sabor da glicose.
Foto por avlxyz/Flickr
Publicado na revista Science, o estudo “Mudanças nos neurônios do paladar ajudam o surgimento de comportamento adaptativo em baratas” descreve como certas populações do inseto realmente alteraram sua química interna para considerar repugnante o sabor da glicose.
Isso impacta a eficácia das iscas para barata, recheadas com um delicioso veneno de açúcar. Exterminadores de insetos começaram a usar este método no início dos anos 90, em vez de pulverizar veneno por toda a casa, onde você e seus entes queridos vivem e comem.
Aos poucos, as baratas começaram a evitar as armadilhas, mas acreditava-se que elas estavam se tornando imunes ao veneno utilizado, não ao chamariz de glicose.
Elas usam pequenos pelos em seus corpos para detectar sabores doces e amargos. Mas, à medida que os pesquisadores estudavam as baratas, eles perceberam que elas tinham mudado a forma como seus cérebros recebem impulsos destes receptores. Ao se aproximar da glicose, em vez dos pelos dispararem um sinal de “doce”, eles emitem uma mensagem de amargura.
Estas tentativas evolucionistas de escaparem da morte não são uma notícia totalmente ruim. Ao estudar a forma como estes insetos mudaram, é possível entender como combater mosquitos portadores da malária. De acordo com Coby Schal, um dos pesquisadores da North Carolina State University:
"O mosquito mudou seu comportamento, e não mais repousa nas paredes que são tratadas com inseticida. Em vez disso, ele tende a pousar no teto, ou nas paredes externas que não são tratadas com insecticida. Nós ainda não entendemos o mecanismo neural e celular responsável por essa mudança de comportamento no mosquito."
Assim, pelo menos, poderemos fazer algo de bom com a nova descoberta antes que as baratas descubram como sobreviver a inseticidas e dominem de vez o planeta.
Mas ainda resta a má notícia: as baratas tiveram 350 milhões de anos de prática evolutiva para se tornarem imunes a ameaças em seu ambiente, e a batalha contra seu mais novo inimigo – nós – está indo muito bem.
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