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segunda-feira, 27 de maio de 2013

Atualizado: 26/05/2013 23:27 | Por estadao.com.br

Morre o empresário Roberto Civita

Presidente do conselho de administração do Grupo Abril e criador de 'Veja' tinha 76 anos e estava internado havia três meses
O empresário Roberto Civita, diretor editorial e presidente do conselho de administração do Grupo Abril, morreu neste domingo, 26, às 21h41, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, de falência múltipla de órgãos. Ele tinha 76 anos e estava internado havia três meses para a correção de um aneurisma abdominal. O corpo do empresário será velado a partir das 11h de hoje no Crematório Horto da Paz, em Itapecerica da Serra.
Civita deixou a esposa, Maria Antônia Civita, e três filhos: Giancarlo Civita, vice-chairman da Abrilpar, holding da família Civita que controla a Abril S/A e a Abril Educação S/A, Victor Civita Neto e Roberta Civita. Giancarlo exerce interinamente a função do pai no comando do Grupo Abril desde o fim de março. O empresário dedicou mais de cinco décadas de sua vida a transformar a editora criada em 1950 por seu pai, Victor Civita, em um dos maiores conglomerados editoriais da América Latina. Foi ele quem idealizou e lançou, em 1968, a revista Veja, ainda hoje o carro-chefe do grupo. Estudou física nuclear, jornalismo e economia, além de ter feito pós-graduação em sociologia. Mas considerava-se, acima de tudo, um editor.
Em nota, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse que Civita "era um homem de coragem e de vanguarda". "Tinha amor pelo Brasil, obsessão pela verdade e crença inabalável na liberdade de imprensa. Ao idealizar e criar publicações como Veja, maior revista de informação semanal fora dos Estados Unidos, deu uma contribuição inestimável à construção da democracia brasileira. Nossos sentimentos à família e aos amigos."
Comando. O empresário assumiu a presidência do conselho do Grupo Abril em 1990, após a morte de Victor Civita. Inicialmente, seu plano para a companhia (que, além da editora, incluía uma indústria gráfica e um braço de distribuição e logística) era transformá-la em uma empresa de capital aberto. Chegou a anunciar, em 1994, o cronograma para ir à Bolsa de Valores com 30% do capital do grupo, que até então detinha 155 títulos, entre revistas semanais e mensais, e um faturamento de US$ 418 milhões (cerca de R$ 820 milhões em 1993).
Mas a Abril nunca chegou a fazer sua oferta inicial de ações na Bolsa. Por causa de uma série de aquisições e sociedades feitas no início da década, a empresa entrou em um período de instabilidade financeira (leia abaixo). Por isso, durante os anos em que liderou o grupo, Civita reduziu o número de publicações para 54 títulos regulares.
Após 23 anos à frente do grupo, o empresário conseguiu fazer a receita líquida da companhia saltar para R$ 2,975 bilhões em 2012, conforme o último balanço divulgado.
O empresário diversificou as áreas de atuação da companhia, que, além de revistas, passou a publicar conteúdo e serviços online e atuar em TV segmentada, comércio eletrônico e na área de educação (livros didáticos e sistemas de ensino).
Editor. Em entrevista concedida ao Estado em 2010, quando criou um curso de pós-graduação em jornalismo em parceria com a ESPM, o empresário - nascido em Milão, na Itália, e naturalizado brasileiro - se definiu essencialmente como um editor. "A única coisa que eu sei mesmo fazer na vida é ser editor, me considero um editor. E, ao longo desses anos - estou na Abril há mais de 50 -, participei da criação de um monte de revistas."
Sobre as mudanças dos últimos anos no mercado editorial, principalmente por causa do avanço da internet, Civita acreditava que, seja qual for o meio em que for veiculada, a informação sempre será um produto cobiçado. "Acho que haverá mudanças impossíveis de se imaginar hoje, mas no conjunto, tenho certeza de que a função de jornalista é necessária, que alguém ir buscar a informação é algo necessário e que os amadores não podem fazer isso. Os amadores, que não têm nada a fazer na vida a não ser entrevistar gente e ouvir um que acha isso, outro que acha o contrário. E quem vai organizar? Quem vai hierarquizar? Isso é coisa para jornalista profissional. Não tenho dúvida disso", afirmou.
"Mas a profissão vai ser monetizável? Tenho certeza de que as pessoas vão estar dispostas a pagar por isso. Porque é um serviço valioso. E não venha me dizer que está tudo de graça na internet. Só se você não tiver mais nada para fazer na vida. Mesmo assim, no fim de 12 horas que você passe na internet, no fim do dia, você teria uma boa visão do conjunto? Não. Você precisa de profissionais para filtrar, para escolher, ponderar. Para avaliar. Não tenho nenhuma dúvida sobre isso. Nenhuma."

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