16.ago.2013 por Tatiana Babadobulos
Quatro vezes por semana, o consultor de negócios José Arnaldo Fabra deixa sua casa, no Jardim Europa, às 5 da manhã e segue de bicicleta até a Cidade Universitária, onde pedala cerca de uma hora. Durante sua atividade matinal, trafega também pela Ciclovia Rio Pinheiros, um percurso de 21 quilômetros com piso liso que acompanha o leito do curso d’água. “Ela é excelente para atingir grande velocidade em um treino de longa distância”, explica.
A partir de novembro, ele terá mais uma opção de trajeto ao longo do rio, entre a Ponte do Socorro e o Projeto Pomar Urbano, próximo à Ponte João Dias. Os novos 2,8 quilômetros na Zona Sul, previstos para novembro, devem atender 15 000 pessoas regularmente. A um custo de 1,3 milhão de reais, bancados pelo governo do estado, a nova pista terá um piso antiderrapante e se somará aos 241 quilômetros que compõem hoje a malha da capital.
“Será a primeira ciclovia daquele lado do rio”, diz Ricardo Borsari, presidente da Empresa Metropolitana de Águas e Energia, à frente do projeto. A implantação de uma via para bicicletas naquele trecho era uma demanda antiga da Associação Águas Claras do Rio Pinheiros, que defendia uma pista mais rústica, com piso de terra. “Mas essa é muito bemvinda”, afirma Stela Goldenstein, diretora executiva da entidade. “A recuperação do local depende ainda de controle da poluição e de melhorias na urbanização”, completa.
O plano inclui a construção de uma passarela com 80 metros de extensão sobre o Rio Guarapiranga, ligando a Estação Santo Amaro da CPTM ao bairro do Socorro, com investimento de 7 milhões de reais da farmacêutica Bayer, que tem sede na região. “A intenção é estimular o uso da bicicleta por nossos funcionários”, afirma Erik Boettcher, diretor administrativo da empresa.
        O consultor de negócios Fabra: treino de velocidade no piso liso
O consultor de negócios Fabra: treino de velocidade no piso liso 
(Foto: 
Lucas Lima
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Cerca de 500 000 paulistanos se locomovem de bicicleta pelo menos uma vez por semana pelas ruas da capital, mas apenas 10 000 transitam pela Ciclovia Rio Pinheiros. Administrada pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), ela acompanha a Linha 9 — Esmeralda, entre as estações Jurubatuba e Villa-Lobos/Jaguaré. A primeira e óbvia dificuldade para quem circula por ali é o cheiro causado pela poluição do rio.
Apesar de desagradável, não há risco à saúde de quem pedala. “O ideal é beber bastante água durante a prática do exercício”, recomenda Roberto Ranzini, especialista em medicina esportiva do Hospital Albert Einstein. Outra crítica é a quantidade de acessos à ciclovia.
Hoje são cinco — na Avenida Miguel Yunes, nas estações Jurubatuba, Santo Amaro e Vila Olímpia, e na Ponte Cidade Universitária —, que funcionam das 5h30 às 18h30. Dois novos estão a caminho, nos parques Villa-Lobos e do Povo, com previsão de entrega para o começo do ano que vem.Mesmo com esses problemas, o local tem frequentadores fiéis, como o empresário Martin Montigelli, que percorre três vezes por semana o trecho entre a rampa da USP e Interlagos. “Existem poucos espaços adequados na cidade para bicicletas e, apesar do cheiro, este é o melhor”, diz Montigelli.
Há, inclusive, quem esteja abandonando o trem, que passa ao lado. Todo dia, a depiladora Diana Araújo sai de sua casa, próximo ao autódromo, às 7 da manhã e pedala durante uma hora até a Estação Vila Olímpia, onde ocupa uma das 94 vagas no bicicletário do lugar. “Optei pela bicicleta porque o trem chega muito cheio e é apertado demais”, conta. Nos fins de semana, a frequência muda e entra a turma que aproveita a ciclofaixa de lazer para acessar a ciclovia do Rio Pinheiros. “Passeio todo domingo entre a Vila Olímpia e o Parque Villa-Lobos. São 20 quilômetros, entre ida e volta”, diz a engenheira Alcione Pereira Silva.
Em duas rodas pela Marginal
O trajeto da nova ciclovia terá 2,8 quilômetros e incluirá ponte sobre o Rio Guarapiranga
(Foto: Veja São Paulo)