Vocês provavelmente já devem ter visto esse refrigerante com fibras que foi lançado recentemente. Ele possui uma tabela nutricional praticamente zerada, com pouquíssimas calorias, pouco sódio e 2,6 g de fibras, o que representa 10% do valor que devemos consumir diariamente.
Parece ótimo, não é mesmo? Mas, não vemos vantagem em fazer o consumo desse refrigerante pelo seu conteúdo de fibras! Preferimos fibras obtidas através de uma alimentação equilibrada, contendo alimentos integrais, frutas e verduras, àquelas artificiais advindas de um refrigerante cheio de aditivos!
No final do post, você encontrará onde podemos encontrar fibras de forma natural nos alimentos. Agora, vamos dar uma olhada nos ingredientes e esclarecer alguns deles pra vocês:
Nem tudo são calorias! Queremos saber o que estamos ingerindo e se isso realmente vai nos beneficiar.
Os ingredientes do sabor Cola são: água carbonatada, dextrina resistente (fibra alimentar), cafeína, extrato de noz de cola, corante INS 150d, aroma natural de cola, acidulante INS 338, edulcorantes artificiais ciclamato de sódio (27,0 mg), acessulfame de potássio (15,0 mg) e aspartame (12,0 mg) POR 100 mL, regulador de acidez INS 578 e conservador INS 211.
O que é a DEXTRINA RESISTENTE?
É uma fibra funcional solúvel, considerada o componente não-digerível após tratamento enzimático do amido.* Apresenta alta fermentabilidade e efeitos positivos sobre a saciedade, funcionamento intestinal e resposta na glicemia sanguínea.** Esse tipo de amido é quimicamente modificado, ou seja, produzido industrialmente e adicionado ao produto.
Ela tem suas vantagens e esse produto realmente pode ser chamado de fonte de fibras segundo a legislação, mas vocês acham que realmente precisamos tomar um refrigerante para suprir as necessidades de fibras? Vamos ver o que mais tem no rótulo, além da dextrina:
Corante INS 150d: Caramelo IV
O polêmico! No Brasil, bem como mundialmente, os corantes caramelos estão aprovados como aditivos alimentares em diversos alimentos, respeitando-se as condições específicas de uso. O uso de corantes caramelos em bebidas não alcoólicas é permitido em quantidade suficiente para atingir o efeito tecnológico desejado e é auto limitante por razões tecnológicas e organolépticas, como sabor e cor. A ANVISA considera que, até o momento, não existem evidências científicas que justifiquem alterar o status da aprovação de uso do corante Caramelo IV na legislação sanitária brasileira de alimentos, tampouco a obrigatoriedade de advertência sobre eventual periculosidade deste aditivo alimentar. Mas, se mantém preparada para adotar as ações necessárias no Brasil, caso qualquer evidência aponte que os níveis encontrados desse corante representem um risco à saúde humana. ***
Possui 3 tipos de adoçantes artificiais:
- ACESSULFAME DE POTÁSSIO: Apresenta a doçura de 100 a 200 vezes maior do que a sacarose (açúcar), podendo deixar um sabor residual amargo em concentrações mais altas. Permitido o uso em alimentos e bebidas (0,035%) e em gomas de mascar (0,2%).**** É um adoçante aprovado pelo FDA em 1988. É estável em altas temperaturas, o que facilita a sua utilização em preparações de forno e fogão. Tem apresentações em pó ou líquido, geralmente associado a outros
edulcorantes. A ADA (Associação Americana de Dietética) considera seu uso seguro.
- ASPARTAME: Possui sabor agradável, muito semelhante ao açúcar, só que com poder adoçante de 160 a 220 vezes maior, permitindo o uso em pequenas quantidades. Sua estabilidade é limitada em formulações líquidas, perdendo poder adoçante com o tempo, dependendo da acidez do meio e da temperatura de estocagem. Ele é calórico, mas a quantidade de uso é muito pequena, tornando irrelevante o aporte de calorias. É contra indicado a portadores de fenilcetonúria, uma doença genética rara que provoca o acúmulo de fenilalanina no organismo, causando retardamento mental. É permitido em alimentos e bebidas (0,075%) e gomas de mascar (0,4%). Apresenta bom sinergismo com sacarina e ciclamato.**** É um adoçante que foi relacionado ao aumento do risco de alguns tipos de câncer, tanto em experimentação animal ***** quanto em humanos. Um estudo realizado ao longo de 22 anos com homens e mulheres demonstrou que a ingestão de uma lata de refrigerante dietético por dia aumentava o risco de leucemia e de linfoma. ******
- CICLAMATO DE SÓDIO: Apresenta sabor semelhante ao açúcar, com pequeno sabor residual metálico em altas concentrações, sendo cerca de 30 a 60 vezes mais doce do que a sacarose. Apresenta boa estabilidade e solubilidade e ótimo efeito sinergista com a sacarina, aspartame e sacarose. Sua limitação maior reside no baixo poder adoçante. É permitido em alimentos e bebidas na quantidade máxima de 0,13%****. As dúvidas quanto à segurança de uso de ciclamato iniciaram após a observação de que alguns indivíduos e certos animais eram capazes de metabolizar ciclamato a cicloexilamina e de que a sua ingestão crônica aumentava a incidência de tumores de bexiga em ratos. Por esse motivo, o ciclamato foi proibido nos EUA em setembro de 1970. Contudo, a FDA recebeu petição do setor produtivo para revisar essa proibição, a qual está atualmente em análise. A partir de então, foram conduzidos muitos estudos sobre carcinogênese envolvendo ciclamato, sozinho ou em misturas com sacarina, não tendo sido demonstrada incidência estatisticamente significativa de tumores na bexiga dos animais testados. *******
Ingredientes do sabor Guaraná: água carbonatada, dextrina resistente (fibra alimentar), extrato de guaraná, acidulante INS 330, aroma idêntico ao natural de guaraná, edulcorantes artificiais ciclamato de sódio (64,0 mg) e sucralose (9,30 mg) POR 100 mL, conservador INS 211, regulador de acidez INS 578 e corante INS 150d.
Apresenta os mesmos aditivos da versão Cola, mas tem diferença nos adoçantes. Apresenta ciclamato, assim como a Cola, mas no lugar do aspartame e do acessulfame de potássio apresenta a Sucralose.
- SUCRALOSE: Tem boa estabilidade em altas e baixas temperaturas e poder adoçante de 400 a 1000 vezes maior do que a sacarose (açúcar). Permitido o uso em alimentos e bebidas na concentração máxima de 0,045% e em gomas de mascar (0,25%).**** Da classe dos adoçantes, a sucralose é o único que pode ser utilizado sem restrições de órgãos reguladores como Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) do Brasil.******** O corpo não reconhece a sucralose como um carboidrato, ela não é digerida nem absorvida ao passar pelo nosso sistema digestório.*********
Recomenda-se um consumo de no mínimo 25 g/dia de fibras. Onde podemos encontrá-las?
Os alimentos com alto teor de fibras são benéficos para a função intestinal. Elas reduzem o tempo que o alimento leva para ser digerido e eliminado e, por essa razão, previnem a constipação (intestino “preso”) e possivelmente são fatores de proteção contra doenças diverticulares e contra o câncer de intestino. Nenhum alimento de origem animal contém fibra alimentar.
Elas podem ser classificadas em solúveis e insolúveis:
Fibras solúveis: Essas fibras absorvem água e formam um gel, sendo facilmente digeridas pelo nosso intestino. Normalmente encontradas nas polpas de leguminosas e frutas, essas fibras são associadas, em sua maior parte, com a proteção contra doenças do coração e diabetes, pois diminuem os níveis de colesterol e de glicose do sangue, respectivamente. Fontes: aveia, frutas (como a polpa da maçã) e leguminosas (parte de dentro do grão).
Fibras insolúveis: São fibras que não absorvem água, portanto, não formam gel. Elas favorecem os movimentos do intestino e aliviam o intestino “preso”. Fontes: Cascas de frutas, leguminosas (cascas), sementes, hortaliças (repolho, cenouras, couve-de-bruxelas), farelo de trigo, cereais integrais. *********
Abandone os refrigerantes e dê o primeiro passo para uma vida mais saudável. Você não precisa deles! 
E aí, o que acharam desse lançamento?
Fontes:
*VITOLO, M. R. Nutrição da gestação ao envelhecimento. Rio de Janeiro: Ed. Rubio, 2008.
***ANVISA. Informe Técnico nº. 48, de 10 de abril de 2012.
****GAVA, Altanir Jaime; SILVA, Carlos Alberto Bento da; FRIAS, Jenifer Ribeiro Gava. Tecnologia de alimentos: princípios e aplicações. São Paulo: Nobel, 2010. 511 p.
*****SOFFRITTI, M. et al. First experimental demonstration of the multipotential carcinogenic effects of aspartame administered in the feed to Sprague-Dawley rats. Environ Health Perspect; 114(3):379-85, 2006.
******SCHERNHAMMER, E. S. et al. Consumption of artificial sweetener- and sugar-containing soda and risk of lymphoma and leukemia in men and women. Am J Clin. Nutr; 96(6):1419-28, 2012.
*******ANVISA. Informe Técnico n˚ 40, de 2 de junho de 2009.
********ABESO. Revista Edição nº 49 – Ano XI – Nº 49 – Adoçantes Artificiais – Parte I. Fevereiro/2011.
*********WHITNEY, Ellie; ROLFES, Sharon Rady. Nutrição. São Paulo: Cengage Learning, 2008. v.1. Tradução de: Understanding nutrition.
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