D. Sebastião I, O Desejado, o último rei português a usar uma coroa real portuguesa.
Não sei se os leitores já perceberam, mas desde meados do século XVII nenhum rei ou rainha português usaram a coroa real portuguesa. Esse fato está diretamente ligado a história de D. Sebastião I, que governou de 1557 -1578. Na verdade, em 1557, como o herdeiro do trono tinha apenas 3 anos de idade, até que completasse 14 anos Portugal foi governado por uma junta regencial.
Chegando ao poder, chamou atenção pela sua coragem e seu fervor religioso. O seu modelo eram os antigos heróis e o seu sonho as grandes batalhas de combate aos infiéis, daí que o seu principal projeto fosse conquistar Marrocos aos muçulmanos. Com 24 anos e ainda sem deixar herdeiros, D. Sebastião rumou para o Marrocos com um exército de 17 mil homens, dos quais cerca de um terço eram mercenários estrangeiros, e uma bula papal que o consagrou como "cruzado", mal sabia ele, porém, que ele seria o último dos cruzados.
Na batalha de Alcácer-Quibir os portugueses sofreram uma grande derrota ao enfrentarem o sultão Abd al-Malik. O rei, D Sebastião, morreu na batalha ou foi morto depois desta terminar. Como o rei faleceu sem deixar herdeiros, foi instaurada uma pesquisa para encontrar o sucessor ao trono, e o familiar mais próximo foi Filipe II, rei de Espanha e neto do rei Dom Manuel I. Neste momento, Espanha e Portugal passaram a ser um único país, formando o que ficou conhecido como União Ibérica. Apesar dos confrontos contra D. Antônio, o prior do Crato, o monarca espanhol agradou boa parte da corte portuguesa.
Mesmo tendo agradado o povo, difundiu-se por Portugal inteiro aquilo que Oliveira Martins chamou de "a doença do sebastianismo", a curiosa crença, que se enraizaria por muito tempo na mente e na alma lusa, de que D. Sebastião, de fato, não morrera nas areias africanas. Ao contrário, estava vivo, esperando apenas o momento de reaparecer e salvar Portugal das mãos dos castelhanos. Ele era "O Desejado". Tão forte era esse sentimento que o próprio Felipe II, antes de voltar à Espanha, tratou de remover, com toda pompa, em dezembro de 1581, os restos do indigitado príncipe de uma tumba no Marrocos para Belém em Lisboa. De nada serviu. Foi pior, e ainda chamaram o espanhol de mentiroso.
Após anos de dominação e expansão espanhola pelo mundo, o Império espanhol entrava em crise dando margem para o retorno da casa portuguesa ao trono. E em 1º de dezembro de 1640, o Duque de Bragança, proclamando-se Rei de Portugal como D. João IV. No entanto, sabendo do fervor religioso dos espanhóis e de seu próprio monarca, proclamou Nossa Senhora da Conceição como a Rainha de Portugal, e, desde então, nenhum rei português da casa de Bragança usou a coroa.
Texto de Rafael Gota
Administração Imagens Históricas
Pintura em óleo localizada no Museu Nacional de Arte Antiga
Não sei se os leitores já perceberam, mas desde meados do século XVII nenhum rei ou rainha português usaram a coroa real portuguesa. Esse fato está diretamente ligado a história de D. Sebastião I, que governou de 1557 -1578. Na verdade, em 1557, como o herdeiro do trono tinha apenas 3 anos de idade, até que completasse 14 anos Portugal foi governado por uma junta regencial.
Chegando ao poder, chamou atenção pela sua coragem e seu fervor religioso. O seu modelo eram os antigos heróis e o seu sonho as grandes batalhas de combate aos infiéis, daí que o seu principal projeto fosse conquistar Marrocos aos muçulmanos. Com 24 anos e ainda sem deixar herdeiros, D. Sebastião rumou para o Marrocos com um exército de 17 mil homens, dos quais cerca de um terço eram mercenários estrangeiros, e uma bula papal que o consagrou como "cruzado", mal sabia ele, porém, que ele seria o último dos cruzados.
Na batalha de Alcácer-Quibir os portugueses sofreram uma grande derrota ao enfrentarem o sultão Abd al-Malik. O rei, D Sebastião, morreu na batalha ou foi morto depois desta terminar. Como o rei faleceu sem deixar herdeiros, foi instaurada uma pesquisa para encontrar o sucessor ao trono, e o familiar mais próximo foi Filipe II, rei de Espanha e neto do rei Dom Manuel I. Neste momento, Espanha e Portugal passaram a ser um único país, formando o que ficou conhecido como União Ibérica. Apesar dos confrontos contra D. Antônio, o prior do Crato, o monarca espanhol agradou boa parte da corte portuguesa.
Mesmo tendo agradado o povo, difundiu-se por Portugal inteiro aquilo que Oliveira Martins chamou de "a doença do sebastianismo", a curiosa crença, que se enraizaria por muito tempo na mente e na alma lusa, de que D. Sebastião, de fato, não morrera nas areias africanas. Ao contrário, estava vivo, esperando apenas o momento de reaparecer e salvar Portugal das mãos dos castelhanos. Ele era "O Desejado". Tão forte era esse sentimento que o próprio Felipe II, antes de voltar à Espanha, tratou de remover, com toda pompa, em dezembro de 1581, os restos do indigitado príncipe de uma tumba no Marrocos para Belém em Lisboa. De nada serviu. Foi pior, e ainda chamaram o espanhol de mentiroso.
Após anos de dominação e expansão espanhola pelo mundo, o Império espanhol entrava em crise dando margem para o retorno da casa portuguesa ao trono. E em 1º de dezembro de 1640, o Duque de Bragança, proclamando-se Rei de Portugal como D. João IV. No entanto, sabendo do fervor religioso dos espanhóis e de seu próprio monarca, proclamou Nossa Senhora da Conceição como a Rainha de Portugal, e, desde então, nenhum rei português da casa de Bragança usou a coroa.
Texto de Rafael Gota
Administração Imagens Históricas
Pintura em óleo localizada no Museu Nacional de Arte Antiga
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