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sexta-feira, 9 de agosto de 2013

D. Sebastião I, O Desejado, o último rei português a usar uma coroa real portuguesa.

Não sei se os leitores já perceberam, mas desde meados do século XVII nenhum rei ou rainha português usaram a coroa real portuguesa. Esse fato está diretamente ligado a história de D. Sebastião I, que governou de 1557 -1578. Na verdade, em 1557, como o herdeiro do trono tinha apenas 3 anos de idade, até que completasse 14 anos Portugal foi governado por uma junta regencial.

Chegando ao poder, chamou atenção pela sua coragem e seu fervor religioso. O seu modelo eram os antigos heróis e o seu sonho as grandes batalhas de combate aos infiéis, daí que o seu principal projeto fosse conquistar Marrocos aos muçulmanos. Com 24 anos e ainda sem deixar herdeiros, D. Sebastião rumou para o Marrocos com um exército de 17 mil homens, dos quais cerca de um terço eram mercenários estrangeiros, e uma bula papal que o consagrou como "cruzado", mal sabia ele, porém, que ele seria o último dos cruzados.

Na batalha de Alcácer-Quibir os portugueses sofreram uma grande derrota ao enfrentarem o sultão Abd al-Malik. O rei, D Sebastião, morreu na batalha ou foi morto depois desta terminar. Como o rei faleceu sem deixar herdeiros, foi instaurada uma pesquisa para encontrar o sucessor ao trono, e o familiar mais próximo foi Filipe II, rei de Espanha e neto do rei Dom Manuel I. Neste momento, Espanha e Portugal passaram a ser um único país, formando o que ficou conhecido como União Ibérica. Apesar dos confrontos contra D. Antônio, o prior do Crato, o monarca espanhol agradou boa parte da corte portuguesa.

Mesmo tendo agradado o povo, difundiu-se por Portugal inteiro aquilo que Oliveira Martins chamou de "a doença do sebastianismo", a curiosa crença, que se enraizaria por muito tempo na mente e na alma lusa, de que D. Sebastião, de fato, não morrera nas areias africanas. Ao contrário, estava vivo, esperando apenas o momento de reaparecer e salvar Portugal das mãos dos castelhanos. Ele era "O Desejado". Tão forte era esse sentimento que o próprio Felipe II, antes de voltar à Espanha, tratou de remover, com toda pompa, em dezembro de 1581, os restos do indigitado príncipe de uma tumba no Marrocos para Belém em Lisboa. De nada serviu. Foi pior, e ainda chamaram o espanhol de mentiroso.

Após anos de dominação e expansão espanhola pelo mundo, o Império espanhol entrava em crise dando margem para o retorno da casa portuguesa ao trono. E em 1º de dezembro de 1640, o Duque de Bragança, proclamando-se Rei de Portugal como D. João IV. No entanto, sabendo do fervor religioso dos espanhóis e de seu próprio monarca, proclamou Nossa Senhora da Conceição como a Rainha de Portugal, e, desde então, nenhum rei português da casa de Bragança usou a coroa.

Texto de Rafael Gota
Administração Imagens Históricas

Pintura em óleo localizada no Museu Nacional de Arte Antiga

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