O inusitado SAC da Viação Cometa
Social Media da Viação Cometa dá show na administração de crise. Já a diretoria... Bom humor, respeito ao cliente, pitadas ponderadas de ousadia e foco na solução revertem, o que poderia ter sido um problema, em admiração.
Nesses dias bicudos e tecnológicos, a velocidade e a destreza na resolução de um problema são vitais para a sobrevivência das empresas e para a manutenção de suas marcas – mesmo que elas já sejam muito admiradas. E foi isso que aconteceu nessa semana: um bom exemplo de administração do que poderia vir a ser, senão um problema, uma boa aporrinhação.
No domingo, 14/07, os visitantes e curtidores dafanpage da Viação Cometa S/A no Facebook se depararam com o seguinte post on.fb.me/13mkFMw, do publicitário, internauta e cliente, Hilário Júnior:
- Adorei ligar agora pra vocês e a atendente falar em alto e bom som:
“AI, QUERIA TANTO CHUPAR UMA ROLA!” Daí percebeu a “mancada” desligou na minha cara. RISOS! Melhor equipe de atendimento. RISOS!
Imagino, por observação, que a Viação Cometa S/A, não disponha de monitoramento das redes sociais nos fins de semana. Mas na segunda-feira, às 9h48, a social média postou um pedido de desculpas dirigido ao cliente - aberto para a rede - sugerindo que ele, se quisesse, fizesse contato “in box” para as providências cabíveis. Até aí nada de novo, qualquer empresa faz isso para se limpar de uma eventual lambança corporativa. O genial foi que, na sequência, a social média postou o seguinte: “a propósito, o episódio foi Hilário TUDUMM PISSSHIHHH” (sic) – se você souber o que significa isso, por favor, me informe! Rsrs.
Ao brincar com a situação e fazer o trocadilho com o nome do cliente, a social média quebrou o protocolo e neutralizou quaisquer investidas de internautas mais pudicos ou conservadores, porque o próprio cliente entrou na onda e replicou, na sua própria rede, o desdobramento. Mas o fato é que a estória “bombou” na página da Viação Cometa S/A. A social média foi interagindo com leveza, seriedade, um pouco de picardia e muito foco na dissipação do problema. O episódio acabou se transformando em um case de administração de crise na rede, com milhares de likes, compartilhamentos, comentários e cumprimentos à postura adotada pela empresa. Com tamanha repercussão, o fato foi parar no UOL http://ow.ly/n7U60 e certamente ainda tem fôlego pra muita discussão e análise.
Eu poderia parar por aqui. Já contei o ocorrido, dei o link da página onde o post que originou o caso foi publicado, o link da repercussão na imprensa e já fiz meu elogio para a empresa e à social média. Mas, a meu ver, tem um detalhe nessa estória que não dá liga. A postura da empresa no desdobramento do caso não combina com a agilidade e leveza da mediadora da fanpage.
Na terça-feira, prevendo a repercussão do fato e os ensinamentos que dele poderia tirar, resolvi aprofundar a análise e compartilhar as respostas que, eventualmente, eu obtivesse junto à empresa no fechamento do episódio. No tocante à atendente: ela seria demitida ou levaria apenas um pito, para aprender a reservar seus desejos para os momentos de folga? Gostaria de saber mais sobre a profissional (cismei que é uma mulher!) que, com seu talento e perspicácia, administrou o problema; queria saber o real impacto do ocorrido na rede (total de likes, compartilhamentos, comentários) e a avaliação da empresa sobre a atitude do cliente, que passou a defendê-la nos posts mais críticos, agindo como um mediador colaborativo, etc.
Mesmo tendo cobrado, por duas vezes, a empresa não me respondeu. Apenas a social média, agora, com bem menos agilidade, limitou-se a informar:“estou aguardando feedback da direção para saber se posso passar as informações para você. Assim que tiver retorno (ainda não tenho previsão) eu aviso”. Corroborando minha opinião quanto à postura da empresa, observei que o UOL, no dia 18/07, também não havia logrado êxito nem mesmo junto à assessoria de imprensa da mesma, que ignorou a demanda.
Agora estou a pensar com os meus botões: Não obstante a elogiável performance da social média, nesse episódio, será que a extrovertida atendente não estava apenas de SAC cheio?
Nelson Gonçalves é palestrante e jornalista
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