18/08/2013 - 02h30
Ativistas se disfarçam de caubói e procuram cenas de maus tratos a bichos em rodeios
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DE SÃO PAULO
Alguns espectadores do rodeio sentem mais dor que os bichos dentro da arena. Ou quase isso.
"É horrível ver aquilo, dói fisicamente. Mas é meu trabalho", conta Ronaldo, 31, que é ativista em uma ONG de direitos animais e pede anonimato por trabalhar sob disfarce.
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Ele vai há cinco anos a Barretos ("o lugar que mais detesto no mundo!"). Durante a festa, zanza com uma máquina fotográfica pendurada na camisa xadrez.
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A química Renata Fiabani, 31, paga R$ 400 para se hospedar numa mansão -de onde consegue ouvir o evento. "Já que é para ir tão longe, é para ir com classe." O garbo é compartilhado com outras cem pessoas com quem divide o imóvel. Cem.
Com ela, tenta capturar provas de que animais sofrem maus tratos.
"Já vi bicho tomando choque ao ser montado, chibatada e até usando sedenho, uma máquina de tortura." Sedenho é um artefato de couro que passa pelo saco escrotal do bichão e é puxado na entrada da arena, para atiçá-lo.
Outro apetrecho na lista de tortura das ONGs é uma faixa de couro com um sino que toca perto da cabeça do bovino quando ele se movimenta. "O barulho deixa o animal desesperado", afirma o veterinário Alberto Noba Júnior.
Os organizadores dizem que nenhum animal é machucado na feitura do evento. "Acho que é interessante vir e conhecer o rodeio antes de falar. A festa é feita com bons tratos com os animais. E, conhecendo, poderão divulgar o que de fato acontece aqui", diz Hugo Resende Filho, d'Os Independentes, que organizam o rodeio.
Carlos Rosolen, do PEA (Projeto Esperança Animal), diz que a ONG mandará ao evento deste ano três fotógrafos disfarçados de caubói.
E os retratos não serão só da fauna. "Vamos para provar que as pessoas vão atrás do show e não do rodeio. É muito simples argumentar: enquanto está tendo só rodeio, as arquibancadas ficam vazias."
Depois da morte de um animal na arena, em 2011, o evento sustou a prova de bulldog, na qual o peão tem de derrubar o bezerro usando apenas suas mãos.
Ilustração Adão Iturrusgarai | ||
No lugar dela, vieram novas categorias. 2013 será o primeiro ano em que meninas menores de 13 anos poderão participar da prova de três tambores -em que a competidora, montada a cavalo, deve contornar três barris dispostos na arena, a cerca de 30 metros um do outro.
Somados, os prêmios oferecidos aos melhores competidores de todas as categorias chega a R$ 500 mil.
Mas os ativistas não tentam doutrinar peões e peoas quando estão em campo. "A gente entende que não tem mais como resgatar o pessoal que está lá. Quem está lá não se incomoda com a dor."
A briga entre o PEA e Os Independentes acabou na Justiça. Os organizadores da festa entraram com processo para impedir que a entidade associasse a festa a maus tratos.
O caso foi julgado em primeira instância na própria cidade de Barretos, onde decidiu-se que a ONG deveria tirar de seu site imagens e declarações contrárias ao evento. O PEA entrou com pedido de recurso, e a questão foi parar no Supremo Tribunal Federal.
"Esperamos que justiça seja feita", disseram representantes dos dois lados.
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Antonio Milagre dos Santos, 50, ao lado de galinhas que ele levou para comer no camping, em Barretos
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